EDITORIAL
Dr. Basil Ribeiro
Linha Única
Em grande medida nós somos os que outros são para nós e para a sociedade em que estamos inseridos. Bebemos do seu saber, partilhamos experiências e seguimos exemplos. A Medicina Desportiva é desenvolvida e praticada por muitas e boas pessoas, médicos e outros agentes de saúde. Existem nomes, existem pessoas, umas conhecidas e outras mais discretas. Esta Revista divulga conteúdos médico-científicos e outros, mas preocupa-se bastante em divulgar e homenagear personalidades que fizeram ou fazem o caminho que agora caminhamos. Não sejamos ingratos, reconheçamo-los e transmitamos o nosso afeto. Nesta edição, que poderia ser numa anterior ou posterior, quero citar nomes que participam nesta edição. Quero citar o Dr. Domingos Santos, não médico, mas muito amigo dos médicos, que há dezenas de anos luta pela causa do apoio médico nos clubes na AFP; o Dr. Hélder Dores que, com uma competência e disponibilidade exemplares, nos tem ensinado muita cardiologia desportiva; o Dr. Nuno Loureiro, discreto também, promove as tertúlias mensais do Sporting e criou as condições para que o seu clube seja um centro de formação em medicina desportiva; o passado Dr. Luís André é recordado, mas o seu maior bem é a simpatia que transborda e agrega; o Dr. João Freitas, bebeu muito do seu pai, meu mestre e de muitos outros, é também alguém que abraçou a cardiologia desportiva há muitos anos; O Dr. Diogo Lino Moura, ortopedista de Coimbra, sem dúvida um dos que mais contribui para a Revista com os seus textos; o Dr. José Pedro Marques, Presidente do Colégio da Especialidade de Medicina Desportiva; e há outros, pois a lista é enorme. Que bem me sabe referenciá-los e enaltecê-los … eles têm-me ajudado a crescer e a ser quem sou. Boas férias.
Dr. Basil Ribeiro, Diretor
DESTAQUES
RMD ANO 15 | Nº4
ENTREVISTA
Dr. Domingos Santos
Ex-Secretário Geral e atual Vice-Presidente da Direção da Associação de Futebol do Porto
Desde que fui admitido na Associação, em 1975, então como funcionário do Conselho de Arbitragem, sempre coloquei os interesses da Associação em primeiro lugar, por vezes até com prejuízo da minha família que sempre me apoiou nesta missão… A saúde e o bem-estar sempre foram apanágio da AFP. Por isso, desde 1929, que a Associação teve Serviço de Apoio Médico, coordenado graciosamente durante 45 anos pelo Dr. José F. R. Braga, que consultava os jovens jogadores que iam disputar os campeonatos… Uma das principais preocupações das sucessivas direções da AFP sempre foi, e continua a ser, a realização de ações de formação que assegurem apoio socorrista nos treinos e jogos aos atletas dos seus clubes de futebol e futsal. Nenhum jogo se pode realizar sem a presença de um deles… Nos últimos 6/7 anos houve um enorme desenvolvimento decorrente da certificação dos clubes exigida pela FPF e levada a cabo pelas Associações… A construção do nosso Centro de Formação será uma magnífica infraestrutura de grande valia para a zona Metropolitana do Porto e distrito do Porto. Há que felicitar o Presidente José Neves… Não vejo a idade como um obstáculo, antes como sinal de maior experiência e sensibilidade. Espero que Deus ainda me conceda muitos e saudáveis anos para que continue a manter entusiasmo pelo desporto, em especial pelo futebol e futsal. Estarei onde puder ser útil. Como sempre de forma disponível e discreta.
Homenagem
Dr. Thomas L DeLorme
O Dr. Thomas L DeLorme (figura 1) nasceu em 1917 e foi uma das vítimas da enorme pandemia de febre reumática que ocorreu nos EUA nas décadas de 30 e 40, a qual causou mortalidade elevada… Contra a terapêutica tradicional, os dois (com o sargento Thaddeus Kawalek) decidiram iniciar a reabilitação com pesos para a melhoria da força muscular da debilitada coxa: extensões do joelho com a bota de aço (figura 3), fixada no pé e no tornozelo, na qual se podiam colocar com segurança pesos adicionais e ir aumentando a resistência do exercício… O protocolo de DeLorme consistia em múltiplas séries de exercícios de resistência, nas quais os pacientes levantavam o peso máximo para 10 repetições. Mais tarde, em 1948, ele redefiniu o protocolo para incluir três séries de 10 repetições progressivamente mais pesadas, um regime treino de resistência pesado, atualmente conhecido por programa de exercício de resistência progressiva… Morreu em 2003 e, de acordo com o Colégio Americano de Medicina Desportiva, “ele pode ser considerado o pai do treino de resistência moderna na perspetiva do seu estudo em medicina e ciência…
Caso Clínico
Osteogenesis Imperfecta no Desporto Adaptado: Um caso Atípico de Fratura do Rádio Distal
Dr. João Rego Diniz, Dr. Rui Moreira Sousa, Dr. Gonçalo Pires, Dra. Rafaela Costa, Dr. João Ribeiro Afonso
Sport practice by patients with Osteogenesis Imperfecta should be encouraged, however contact sports should always be duly considered due to the risk of bone fractures. The authors describe the clinical case of a Wheelchair Basketball athlete (WB) who went to the Emergency Department due to a distal radius fracture in the context of wrist trauma caused by a Basketball ball. Distal radius fractures typically occur in the context of high-kinetic trauma. Due to the increased bone fragility of the athlete presented, this fracture was caused by a minor trauma in the context of receiving the Basketball ball. WB is a high-impact sport, so its practice by athletes with OI must be duly considered.
Recordar com carinho
Dr. Luís André
Fisiatra, Coimbra
Atualmente mantenho-me ativo no Hospital da Misericórdia de Anadia com a direção clínica, realizo prestação de serviços de fisiatria em clínica privada… A viver na região da Bairrada, os tempos livres são ocupados com a leitura de revistas de medicina das diferentes áreas da minha formação, além de temas históricos e temas sociais da atualidade, convívio com antigos colegas e amigos e faço viagens regulares ao Porto e ao Alentejo… Ao longo da minha carreira profissional exerci atividades em várias instituições e em diferentes áreas para formação específica em fisiatria… Nos HUC colaborei em diferentes jornadas de fisiatria, nomeadamente, e de forma regular, nas jornadas de Reabilitação e Traumatologia do Desporto… O meu passado desportista é curto, pois resume-se à prática de natação na Figueira da Foz na década de 60, tendo realizado algumas provas, nomeadamente pelo Sporting Clube Figueirense. O FCP na década de 80 teve atletas de eleição que eu agradavelmente recordo: Marta Roboredo, Teresa Figueiras, Alexandra Silva, José Carlos Moreira, José Meinedo, Rita Fernandes, Mabílio Albuquerque, Rui Borges e Sérgio Esteves… Recordo com saudade esses tempos vividos no Pavilhão da Piscina das Antas onde realizava as avaliações clínicas e acompanhava os atletas nos treinos e nas provas, onde as vitórias dos atletas eram festejadas com euforia por todos os Golfinhos… Os jovens médicos devem ter curiosidade e aprofundamento científico, empatia e disponibilidade, espírito interdisciplinar, rigor e disciplina profissional, amor pela vida, com boa disposição e alegria.
Atualidade
IFAB – Laws of the Game 2024/25; Additional permanent concussion substitutions protocol. Effective as from 1st July 2024
Dr. Basil Ribeiro, Dr. André Pereira
… O IFAB aprovou várias alterações às Leis do jogo durante a 138ª Assembleia- Geral Anual, organizada pela Associação Escocesa de Futebol, em Loch Lomond, Escócia, no dia 2 de março de 2024. Muito importante para a proteção do jogador foi a alteração à Lei 3.2 (número de substituições), a qual vem permitir a utilização de uma substituição permanente adicional em caso de concussão cerebral, ocorrida durante o jogo ou durante o intervalo. Doravante, o jogador com concussão cerebral, diagnosticada ou suspeitada, pode ser substituído de forma permanente, isto é, não pode voltar mais ao jogo e, se possível, deve ser acompanhado ao balneário e/ou a centro médico. Esta substituição por concussão (SpC) não conta para o número total de substituições, referidas como normais, e habitualmente em número de cinco, assim como para o número de oportunidades para fazer as substituições, habitualmente em número de três, nos casos em que for aplicado…
TEMA
Lesões Traumáticas da Coluna Cervical no Desporto – Epidemiologia (parte 2/2)
Dr. Pedro Martins Farinha, Dr. Diogo Lino Moura
Traumatic cervical spine injuries comprise a range of relatively rare injuries associated with sports, but with the capacity to cause serious long-term sequelae, namely quadriparesis/tetraplegia and even death. Most of the cervical spine injuries that occur to trauma in sports, particularly in collision sports, are considered minor and do not cause major concern for athletes, coaches and family members. However, serious injuries may result in permanent consequences. Therefore, the knowledge of the epidemiology, risk factors, type and injury mechanisms specific to each sport is the fundamental basis for the development of preventive strategies and effective measures that minimize its occurrence as much as possible.
RESUMO E COMENTÁRIO
What should all health professionals know about movement behavior change? An international Delphi based consensus statement
Dra. Joana Drumond Lima, Dra. Ana Carolina Cruz
Exercise training and resting blood pressure: a largescale pairwise and network meta-analysis of randomised controlled trials
Dra. Sofia Mendes Cunha
Dr. Guilherme M. G. Pereira
SPMD
O Metabolismo do Ferro e o Desporto
Dr. Luís Moreno, Dr. Diogo Dias
Iron deficiency is prevalent in athletes, significantly affecting athletic performance, with various studies suggesting a higher incidence of iron depletion in athletes, particularly in women and in endurance sports. Iron depletion not only decreases aerobic capacity and ATP production but also impacts energy metabolism during exercise. This article discusses the multifactorial aetiology of iron depletion in athletes, such as increased iron demand, higher losses, and reduced iron absorption due to the regulatory behaviour of hepcidin. Accurate diagnosis, which involves the assessment of haemoglobin, ferritin, and transferrin saturation, is essential for effective intervention. Treatment and prevention of iron depletion includes dietary modifications, oral supplementation, and, in severe cases, intravenous supplementation. Supplementation should be considered carefully, regarding the potential toxicity and interactions with other nutrients and medications. It is concluded that monitoring and managing iron status are critical for optimizing the performance and health of athletes, requiring personalized strategies.
Resumos da 3ª edição da SPC Sports
Prof. Doutor João Freitas
Síncope no desporto
Prof. Doutor Pedro Zuzarte
Impacto do alto rendimento na saúde mental dos atletas
Prof Doutor Hélder Dores
Prova de esforço cardiorrespiratória em atletas: o ABC para a prática clínica
Dr. Luís Puga
Coração de atleta ou patologia? Como abordar as alterações do ventrículo direito
Dr. Francisco Moscoso Costa
A fibrilhação auricular
JAMA Insights
Heat-Related Illness in Athletes
Anterior Cruciate Ligament Injuries in Female Athletes

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TEMA DA SEMANA
2024 AHA/ACC/AMSSM/HRS/PACES/SCMR Guideline for the Management of Hypertrophic Cardiomyopathy
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