Resumo

Que Intensidade e Duração para o Exercício do Jovem?

RMD ANO 15 | Nº5 Setembro 2024

Que Intensidade e Duração para o Exercício do Jovem?

Dr. Basil Ribeiro

Medicina Desportiva, Vila Nova de Gaia

As recomendações mais atuais da Organização Mundial de Saúde (OMS) referem que as crianças e adolescentes devem realizar atividade física moderada-intensa durante 60 minutos por dia para melhorar a saúde física e mental.1

Contudo, em 2016, 81% dos adolescentes não cumpriam estes requisitos mínimos de atividade física2, pelo que se tem agravada a aptidão física cardiorrespiratória (AFCR).3

O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) americano, através do programa National Youth Risk Behavior Survey, monitoriza os comportamentos saudáveis de adultos e de jovens (do 9º ao 12º ano, de instituições públicas e privadas). A pesquisa é realizada de dois em dois anos na primavera.4 A percentagem de pessoas que foram fisicamente ativas durante 60 minutos numa semana baixou de 28,7% em 2011 para 23,2% em 2019, ao passo que, no mesmo período, a percentagem relativamente ao uso de computador e de jogos de vídeo aumentou de 31,1% para 46,1%. Talvez seja por isso que a percentagem de pessoas e jovens em relação ao número de horas a ver televisão tenha baixado de 32,4% para 19,8%. Curiosamente, ou talvez não, a percentagem de pessoas envolvidas num desporto coletivo manteve-se estável naquele período temporal (58,4% e 57,4%, respetivamente).4 Estes indicadores realçam o declínio da prática de exercício físico nos jovens em geral, realçando-se a exceção dos estudantes do sexo feminino nas escolas secundárias, os quais têm aumentado a participação desportiva, pelo menos até 2015, ano em que foi publicado o estudo de Basett D R e colaboradores.5

A AAP apresenta numa tabela as orientações para a atividade física em crianças e jovens (Table 1).9 Para a faixa etária dos 6 aos 17 anos de idade indica-se a necessidade de realizar durante 60 minutos por dia de atividade física aeróbia de intensidade moderada a intensa ou intensa três vezes por semana. Contudo, provavelmente para muitas famílias esta recomendação de 60 minutos por dia deverá / poderá ser insustentável.11

Burden S J et al referem que não há uma indicação clara em relação à intensidade e duração da atividade física necessária para o adolescente maximizar a capacidade cardiorrespiratória e, neste contexto, realizaram uma investigação em 339 adolescentes, com 13 e 14 anos de idade, para averiguarem as associações entre atividade física (avaliada com o acelerómetro no punho) e a AFCR (avaliada no teste de vaivém de 20 metros) e a duração da atividade física em cada intensidade associada à máxima aptidão cardiorrespiratória. Os autores constataram que quanto maior for o valor médio de atividade física de elevada intensidade por dia, maior era a AFCR nesta população de adolescentes, mas apenas até 20 minutos / dia deste tipo de atividade. A partir dos 20 minutos, os maiores aumentos de duração a realizar exercício de intensidade alta não estiveram associados a mais ganhos na AFCR, o que indica que aos 20 minutos de exercício / dia se atinge o plateau, pelo que não será necessário prolongar a sessão de exercício. Constataram, também, que a adição de exercício de menor intensidade não causou aumento adicional na AFCR. Esta informação é muito importante pois é referido na Discussão que a maioria dos adolescentes falha o objetivo de exercício durante 60 minutos com intensidade moderada / alta e o período de 20 minutos é mais fácil de incluir na rotina quotidiana. Também nesta secção, os autores discutem a validade do teste de vaivém como instrumento de avaliação da AFCR, referindo que a avaliação direta do VO₂ máximo seria mais desejável7, mas com praticabilidade bastante inferior em população sob estudo tão numerosa.

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