RESUMO

Introdução: Os desportos de corrida de média-longa distância têm ganho popularidade, sobretudo entre atletas veteranos, sendo a sua avaliação clínica regular e o exame médico-desportivo (EMD) essenciais para a estratificação de risco. Objetivos: Caracterizar a prática desportiva de atletas veteranos de corrida de média-longa distância em Portugal; avaliar a prevalência de fatores de risco cardiovascular (CV); conhecer a metodologia de avaliação e o seguimento clínico realizado. Métodos e Resultados: Foi elaborado e enviado um questionário a atletas que já participaram em eventos da Associação de Trail Running de Portugal, analisando-se características demográficas, do exercício físico, clínicas e a metodologia de avaliação clínica. Incluíram-se 455 atletas (81,5% homens; 45,9±6,8 anos), 49% federados, com 7±4 horas de treino semanal, 12,3% de trail ultra endurance. A maioria (62,3%) negou fatores de risco CV, mas 14,1% tinham pelo menos um (7,7% dislipidemia; 6,2% tabagismo) e 6,6% patologia CV conhecida. Menos de metade (46,8%) apresentaram EMD atualizado para a corrente época, sendo em 41,8% os exames complementares prescritos por médicos de Medicina Geral e Familiar, em 29,4% Medicina Desportiva e 20,7% Cardiologia. A grande maioria dos atletas providenciou (81,0%) por iniciativa própria o EMD, 59% referiu ser seguido regularmente por um médico, mas 47,4% destes não apresentava EMD atualizado. Conclusão: A percentagem de atletas veteranos de corrida de média-longa distância com EMD atualizado e avaliações médicas regulares está longe do ideal. É importante alertar para a importância da avaliação clínica dos atletas de exercício extremo, pela capacidade na deteção precoce de adaptações patológicas induzidas pelo exercício e doenças CV que podem originar complicações clínicas graves.