RESUMOS

XXXII Curso de Reabilitação e Traumatologia Desportiva

RMD ANO 13 | Nº5 Setembro 2022

Resumos

 

Rotura do LCA – a idade limita a opção cirúrgica?

Dr. Henrique Jones

A taxa de rotura do ligamento cruzado anterior (LCA) tem aumentado em pessoas acima dos 40 anos de idade, nomeadamente em contexto de atividade física, com um incremento paralelo da cirurgia de reconstrução do LCA. A idade não é critério para a reconstrução do LCA. Se não existirem lesões condrais avançadas e a rotura do LCA criou um problema de instabilidade sintomática, então é um candidato a cirurgia. Inclusivamente, de acordo com vários estudos, o grupo de atletas acima dos 40 anos tem melhores parâmetros de recuperação pós-ligamentoplastia (Escala KOOS).

No entanto quando a indicação cirúrgica é equacionada diferentes variáveis devem ser consideradas: timing para a cirurgia, escolha do enxerto a utilizar, aspetos técnicos da cirurgia, caracterização da instabilidade, motivação para desportos com rotação, completo esclarecimento sobre limitação funcional, na opção conservadora, esclarecimento sobre as etapas de reabilitação pós-cirúrgica e psiquismo do candidato(a). Atividade e instabilidade, independentemente da idade, deverão ser as condicionantes a considerar na indicação cirúrgica das roturas traumáticas, não degenerativas, do LCA.

Lesão osteocondral e transplante no atleta

Dr. João Oliveira

Em casos de lesão osteocondral é importante quantificar o defeito e desse modo ajustar o tratamento. Se perda focal de cartilagem for menor que 2 cm2 e se for sintomática podemos realizar: microfraturas, mosaicoplastia, cultura e transplante de condrócitos. Se a perda focal osteocartilagínea for grande, superior a 2 cm2, sintomática, dado que a zona do defeito é muito grande, uma boa alternativa será a transplantação de um único bloco osteocartilagíneo proveniente de um côndilo de cadáver, preferencialmente conservado a fresco, por forma a manter a maior viabilidade celular possível. Para otimização do número de condrócitos viáveis na altura de transplantação, o CHUC recentemente adotou o protocolo de Hannouver para conservação e transplante de enxertos osteocartilagíneos frescos, preservando-os em lactado de Ringer e a temperatura média de 4°C, tendo iniciado o programa de conservação e transplante de enxerto maciço fresco osteocartilagíneo em 2020, contando já com quatro casos realizados.

Nesta série de casos temos o de um jogador profissional de futebol, de 26 anos de idade, que após a realização de um transplante osteocartilagíneo fresco ao nível do côndilo interno, e cumprido um programa de reabilitação funcional progressiva de 6 meses, conseguiu retomar o desporto profissional ao mesmo nível prévio da lesão, sem limitação funcional ou sintomas de derrame ou dor ao nível do joelho, contando já com um tempo de seguimento pós-operatório de um ano.

Artroplastia total do joelho (ATJ), exercício e desporto

Prof. Doutor João Páscoa Pinheiro

Colaboração: Dra. Joana Pinheiro, Dra. Lurdes Branquinho, Dr. João Faria

Verifica-se, atualmente, um aumento de ATJ realizadas em doentes mais jovens, acrescentando à necessidade de normalizar as atividades de vida diária (AVDs), a prática de exercício físico e de desporto. São elementos de prognóstico a idade, as morbilidades associadas, o tipo de artroplastia, as intercorrências e as complicações inerentes à intervenção. De referir, no entanto, que a motivação e as expetativas
do doente são elementos decisivos, bem como a gestão da cinesiofobia. A manutenção do doente ativo, em exercício condicionado, antes da intervenção, é importante no processo de retoma. 

Após as 12 semanas, com a normalização das AVDs, deve ser continuado o exercício terapêutico, diversificado no trabalho de fortalecimento muscular, no treino propriocetivo, no trabalho de flexibilidade e no condicionamento aeróbio da baixa intensidade e baixo impacto. Após as 24 semanas a retoma do exercício e do desporto deve ser progressiva, de baixa intensidade em modalidades de baixo ou moderado impacto e sem contacto ou risco de queda. A prescrição de exercício e o aconselhamento desportivo são premissas da funcionalidade e qualidade de vida na ATJ.

Rotura do tendão de Aquiles. Tratamento cirúrgico, porquê?

Dr. Daniel Freitas

Colaboração: Dr. Paulo Diogo Cunha, Prof. Doutor Bruno Pereira, Prof. Doutor Espregueira-Mendes

As roturas do tendão de Aquiles são as lesões tendinosas mais comuns no membro inferior, representando cerca de 20% de roturas de grandes tendões. Estima-se que a incidência varie entre os 11-37 casos/100000 habitantes, sendo mais comum nos homens. Tipicamente, afeta os desportistas ocasionais de fim-de-semana, os chamados weekend warriors. Verifica-se distribuição bimodal, com um pico entre os 30-40 anos e um outro pico após os 65 anos, com uma idade média de idades de 39,8 anos. De realçar que aproximadamente 20% das roturas passam despercebidas, sendo interpretadas como entorses do tornozelo. Nos últimos anos, tem havido um aumento da incidência de roturas do tendão de Aquiles à custa do envelhecimento da população, do aumento da prevalência de obesidade e da prática de desporto recreativo. O uso de fluoroquinolonas e de injeções com esteroides são também fatores de risco para a tendinopatia do Aquiles. A lesão ocorre, geralmente, num movimento repentino de dorsiflexão num pé em flexão plantar ou então após uma flexão plantar súbita e localiza-se, geralmente, 4-6 cm acima da inserção no calcâneo, na área menos vascularizada do tendão. Relativamente ao tratamento da rotura aguda do tendão de Aquiles, existem várias opções terapêuticas válidas, desde o tratamento conservador até à intervenção cirúrgica. A maioria dos estudos tem demonstrado resultados funcionais e níveis de satisfação semelhantes, tanto na modalidade cirúrgica, como na conservadora, sobretudo se esta última incluir um protocolo de reabilitação com carga e mobilização ativa precoce. O tratamento conservador associa-se a uma maior percentagem de rerotura e ainda ao alongamento do tendão com consequente perda funcional. Quando devemos, então, operar uma rotura aguda do tendão de Aquiles? A premissa base deverá ser sempre devolver ao doente um nível de atividade e força semelhantes ao nível pré-lesão, o mais precocemente possível, restaurando o comprimento e tensão fisiológica do tendão, submetendo-o ao menor número de complicações. Se é verdade que o tratamento cirúrgico pode trazer complicações neurovasculares e cutâneas, está também provado que o regresso ao trabalho e à atividade desportiva acontece mais precocemente e há uma menor taxa de absentismo no grupo de doentes operados. As opções cirúrgicas atuais baseiam-se em reparações por via aberta ou por via minimamente invasiva (técnicas percutâneas ou técnicas mini-open). As técnicas de reparação abertas e percutâneas apresentam resultados funcionais semelhantes. As técnicas mini-open são igualmente eficazes na reparação do tendão, com menor risco de complicações cirúrgicas. O fundamento para o tratamento cirúrgico baseia-se na correta aproximação dos topos do tendão, restaurando assim o comprimento e a tensão adequados. A tenorrafia aberta, técnica amplamente utilizada e válida para qualquer rotura do tendão de Aquiles e com resultados funcionais muito satisfatórios, na maioria dos estudos, envolve uma incisão de 6-10cm, póstero-mediana centrada no gap tendinoso. Esta técnica permite evitar possíveis lesões no nervo sural, permite visualização direta da lesão e ainda aplicar vários tipos de sutura (Krakow, Kessler modificado).

No entanto, é a técnica cirúrgica com mais agressão de partes moles, havendo, assim, maior risco de deiscência da ferida cirúrgica e de infeção. Para reduzir as complicações cirúrgicas inerentes à técnica aberta, desenvolveram-se procedimentos minimamente invasivos. As técnicas percutâneas descritas, inicialmente, por Ma & Griffith em 1977, e que foram sofrendo modificações por inúmeros cirurgiões, não permitem a visualização direta da aposição dos topos tendinosos, e baseiam-se na sutura do tendão através de pequenas incisões na pele, com passagem de fios absorvíveis ou não-absorvíveis. O grande risco desta abordagem são as complicações neurovasculares. Numa meta-análise publicada por Yang et al, em 2017, verificou-se que as técnicas percutâneas, comparativamente com a tenorrafia aberta, embora tivessem um tempo cirúrgico menor e menos taxas de infeção, adicionam um risco de lesão do nervo sural significativamente elevado. No que diz respeito aos scores funcionais, mais uma vez, ambas as técnicas apresentam resultados muito semelhantes. Com o objetivo de minimizar cada vez mais as complicações de pele e infeção e a lesão do nervo sural, várias técnicas mini-open foram desenvolvidas nos últimos tempos. As abordagens mini-open limitam a incisão cirúrgica a 2-3cm, centrada no local da rotura. Um instrumental próprio permite a introdução de fios de sutura em posições pré-definidas de modo a criar um tipo de sutura específico com pontos que podem ser bloqueados e não bloqueados. Posteriormente, é removido o instrumental e é feita a anastomose final do tendão e do epitendão. Em recentes estudos verificou-se que a taxa de complicações de pele e de infeções com estas técnicas são inferiores à tenorrafia aberta, não havendo diferenças na re-rotura, lesão do nervo sural ou tempo de regresso ao desporto. A modalidade cirúrgica permite maior força de flexão plantar, maior percentagem de regresso à atividade desportiva, regresso mais precoce ao trabalho e uma recuperação mais rápida. A posição de imobilização do tornozelo, no período pós-cirúrgico, é um fator importante na cicatrização. Sabe-se que uma flexão plantar de 20o é ideal, uma vez que a vascularização da pele é máxima nessa posição, otimizando a sua cicatrização. O protocolo de reabilitação assume um papel fulcral tanto no tratamento cirúrgico, como no tratamento conservador. Um protocolo de reabilitação com carga e mobilização controlada, precocemente, permite otimizar o tempo de retorno à atividade desportiva, a tensão do tendão e a amplitudes de movimentos do tornozelo. Concluindo, as várias técnicas de reparação cirúrgicas têm resultados semelhantes entre si. A maior diferença relaciona-se com a agressão de parte moles e o risco de lesão do nervo sural. As técnicas mais recentes de reparação por via mini-open apresentam benefícios das técnicas cirúrgicas e visam minimizar os riscos inerentes às técnicas abertas e percutâneas. Assim, do ponto de vista do cirurgião ortopédico, a reparação cirúrgica é o tratamento de eleição para doentes ativos e que procuram o melhor resultado funcional possível, devendo ser realizada em todos os atletas e doentes com elevado nível de atividade física previamente à lesão.

Tratamento da tendinopatia do atleta veterano. O papel dos agentes biológicos

Dr. Nuno Loureiro

A tendinopatia é uma patologia extremamente comum na população em geral e no atleta, seja este recreativo ou que se dedique à competição, sendo o seu tratamento um desafio e muito contribuindo o fato da etiopatogenia ser desconhecida. Dentro das várias opções terapêuticas, salienta-se o exercício estruturado e individualizado como aquele com maior evidência científica, apresentando-se também a gestão das cargas de treino com um impato relevante no outcome final desta patologia. Nos últimos anos, tem-se dado bastante importância ao estudo e investigação dos chamados agentes ortobiológicos, destacando-se os seguintes: fatores de crescimento, plasma rico em plaquetas (PRP), células mesenquimatosas e implantes regeneradores. O mais estudado e utilizado na Medicina Desportiva é (sem dúvida) o plasma rico em plaquetas (PRP) que é obtido através da colheita de sangue venoso do próprio atleta (sangue autólogo) e que contém um concentrado de plaquetas, cujo interior contém uma poule variada de fatores de crescimento que, teoricamente, promovem um conjunto de sinais em determinadas células alvo, permitindo a obtenção de várias funções, que podem ir ao encontro de um melhor processo cicatricial.

Apesar do seu princípio de atuação ser interessante, o fato de existirem variados métodos de preparação e de aplicação tem dificultado a atribuição de uma evidência científica clara e que mostrem de forma inequívoca a sua utilidade no tratamento das tendinopatias (principalmente nas degenerativas), sendo necessários mais estudos de qualidade (e sem ruído) para validar a eficácia dos produtos chamados ortobiológicos no tratamento das tendinopatias.

Reabilitação pelo exercício na tendinopatia

Dr. Pedro Figueiredo

O tendão é uma estrutura mecânica transmissora de força e comporta-se mecanicamente como uma mola helicoidal para transmissão de força, armazenamento e amplificação de energia mecânica, propiciando economia de movimento. O processo de envelhecimento tendinoso caracteriza-se por diminuição da vascularização intratendinosa, modificação/ desregulação do mecanostato do tendão (tenócito), culminando em alterações da resposta reparadora e na tendinopatia degenerativa. O tratamento da tendinopatia degenerativa deve centrar-se na readaptação biológica do tecido às solicitações mecânicas.

As mais recentes evidências sugerem a introdução progressiva de exercício dirigido, o qual podemos dividir em quatro fases: carga isométrica, carga isotónica, armazenamento energético (pliométricos), retorno progressivo à atividade desportiva (modalidade específico). A progressão baseia-se na perceção sintomática (nível de dor) imediata e diferida (24-48h) medida em testes de carga tendinosa específicos. Salienta-se a importância da educação do doente, a introdução de estratégias terapêuticas dirigidas a toda a cadeia cinética e à neuroplasticidade e a necessidade de monitorização dos programas de exercício.

Coluna degenerativa – novas evidências

Prof. Doutor João Branco

Colaboração: Dra. Alexandra Coelho

A lombalgia é uma queixa frequente na população em geral afetando, igualmente, os atletas veteranos. Nesta população o condicionamento físico e flexibilidade são habitualmente fatores protetores. Pela exigência da atividade física, podem estar mais predispostos a lesões estruturais. Compreender a etiologia da dor lombar é fundamental para adequar a orientação terapêutica, a qual deverá incluir sempre alterações comportamentais e um programa de reabilitação, podendo ser necessário associar terapêutica farmacológica, tratamentos de intervenção minimamente invasivos ou até intervenções cirúrgicas. Os tratamentos de intervenção minimamente invasivos exigem um diagnóstico específico. Incluem uma variedade de técnicas e procedimentos que têm demonstrado graus de evidência baixa a moderada no controlo álgico. Como não são isentos de riscos e têm uma duração de ação finita, devem ser reservados para os casos refratários ao tratamento conservador. A lombalgia crónica inespecífica é um problema comum e incapacitante com impacto nas atividades de vida diária e na prática desportiva. 

Define-se como um quadro de dor sem uma condição subjacente específica claramente identificada. Nos últimos anos surgiu em associação o conceito de dor nociplástica, cujo principal mecanismo envolvido é a sensitização do sistema nervoso, podendo ou não existir alterações objetivas. Adicionalmente, vários fatores concomitantes contribuem para o aparecimento destas queixas, nomeadamente fatores biológicos, fatores sociais e fatores psicológicos. A abordagem terapêutica é um desafio médico e social, envolvendo uma abordagem multidisciplinar e multiprofissional. Neste âmbito importa manter a atividade física, educar o atleta e utilizar terapêuticas que podem incluir a terapia farmacológica, a terapia cognitivo-comportamental, os agentes físicos e o mindfulness. Ressalva-se que nenhum programa de exercício é superior relativamente aos restantes nos doentes/atletas com raquialgia subaguda ou crónica.

Dor lombar associada à actividade física no atleta veterano

Dr. António Araújo

A dor lombar é uma das entidades nosológicas mais frequentes na população em geral e os atletas não fogem a este pressuposto. Embora possa parecer paradoxal, pois é aceite como premissa que o exercício físico previne a dor lombar, a dor de origem na região lombar é comum em atletas, estimando-se que 10 a 15% destes tenham dor lombar, aumentando com a idade. As opções de tratamento precisam ser consideradas tendo em conta o desporto específico, para um melhor resultado final. Igualmente importante é diferenciar a dor lombar aguda da dor lombar crónica (mais frequente no atleta veterano, com rigidez matinal importante e agravamento habitual no final do treino). O exame musculoesquelético e neurológico focado é fundamental na abordagem da dor lombar aguda, minimizando, no entanto, o movimento da coluna para evitar novas lesões. O fator prognóstico mais importante é o tempo que o atleta demora a chegar a um centro médico devidamente equipado para lesões na coluna e se estabeleça um diagnóstico preciso. A abordagem da dor lombar crónica, despertada ou agravada pelo exercício, exige uma história e exame físico completos na tentativa de elucidar o mecanismo da lesão, identificar quaisquer déficits neurológicos ou sinais de lesão mais grave e direcionar para a investigação apropriada.

Será importante tentar diferenciar a dor por espondilólise e por lesões das facetas (elemento posterior), reproduzidas ou agravadas com a extensão do ráquis, da dor discogénica, que se manifesta ou se agrava com a flexão. O exame neurológico completo é obrigatório para excluir lesões deste foro. Em qualquer dos casos, a pesquisa de red flags é um passo essencial, no sentido de evitar descurar lesões graves que se podem traduzir por uma lombalgia banal.
O exame inicial deverá ser complementado com exames imagiológicos: se na lombalgia aguda, o exame radiográfico ântero-posterior, de perfil e incidências obliquas costuma ser suficiente, por vezes complementado com ecografia na suspeita de lesão musculotendnosa. Já na lombalgia crónica, sobretudo se acompanhada de sinais de atingimento neurológico, necessitará ser complementada com TAC (indicada sobretudo nas lesões do muro posterior) e RMN, para melhor avaliação da patologia discal e muscular.

Fraturas de fragilidade no atleta veterano

Dr. Paulo Margalho

Colaboração: Dr. Vítor Machado Sousa, Marco Silva
Nas últimas décadas tem existido um aumento exponencial de indivíduos veteranos (> 35 anos de idade) a participar em atividades físicas, sejam elas competitivas ou do foro recreativo. A osteoporose e as suas consequências podem ser limitantes na prática desportiva e deve ser tida em conta para a qualidade de vida e performance destes atletas.
O exercício físico desempenha um papel vital para alcançar a densidade mineral óssea (DMO) ideal em atletas, sobretudo no período da infância e da adolescência.
O exercício físico na vida adulta tem como principal benefício manter a DMO e reduzir o risco de quedas. A literatura, apesar de escassa, aponta para um benefício do exercício na manutenção da DMO em atletas veteranos comparativamente a indivíduos não-atletas da mesma idade e menor incidência de fraturas de fragilidade. Como prevenção, a suplementação com cálcio e vitamina D parece ter um papel importante na prevenção de osteoporose e de fraturas de fragilidade.

Sarcopenia e lesão muscular

Dra. Joana Santos Costa

A sarcopenia é uma disfunção muscular progressiva e generalizada, cuja atual definição operacional se foca nos défices de força muscular (característica chave), de quantidade e qualidade muscular (critério de confirmação diagnóstica) e de performance física (indicador de gravidade). O envelhecimento fisiológico condiciona diminuição da massa, força, contractilidade, velocidade de contração, disfunção mitocondrial e alteração da composição muscular, determinando aumento da fadiga, diminuição da potência e dificuldade progressiva em manter um dado nível de performance muscular. A idade é também fator de risco independente para lesão muscular, verificando-se maior número de lesões e/ou diferentes padrões lesionais em comparação com idades mais jovens. No entanto, a relação entre disfunção muscular e lesão não se encontra ainda devidamente esclarecida, incluindo quais os fatores musculares ou não musculares que mais predispõem à lesão ou que mais favorecem a recuperação e a retoma desportiva, dados que permitirão certamente otimizar e individualizar medidas preventivas e de reabilitação lesional no atleta veterano.
O exercício físico na vida adulta tem como principal benefício manter a DMO e reduzir o risco de quedas. A literatura, apesar de escassa, aponta para um benefício do exercício na manutenção da DMO em atletas veteranos comparativamente a indivíduos não-atletas da mesma idade e menor incidência de fraturas de fragilidade. Como prevenção, a suplementação com cálcio e vitamina D parece ter um papel importante na prevenção de osteoporose e de fraturas de fragilidade.
Raichlen, David A. et al. Association of physical activity (PA) with incidence of dementia is attenuated by air pollution. Medicine & Science in Sports & Exercise. Fev 2022; doi: 10.1249/ MSS.0000000000002888

Introdução: investigámos se a poluição do ar atenua a associação entre PA e o risco de demência. Métodos: Este estudo de coorte prospetivo incluiu 35.562 adultos com 60 anos ou mais. Os níveis de poluição do ar (NO, NO2, PM10, PM2,5, PM2,5-10 e absorbância PM2,5) foram estimados com métodos de regressão do uso da terra. O incidente de demência por todas as causas foi derivado de registos hospitalares de pacientes internados e dados de registos de óbitos. Conclusões: A PA está associada a um risco reduzido de desenvolver demência por todas as causas. No entanto, a exposição a níveis moderados de poluição do ar atenua os benefícios da PA no risco de demência.