SPMD
Resumos do relatório da Atividade Física
RMD ANO 14 | Nº2 Março 2023
Resumos do relatório da Atividade Física
Dr. Basil Ribeiro1, Dra. Rita Tomás2
1Medicina Desportiva, Vila Nova de Gaia;
2Medicina Desportiva e Fisiatria, Lisboa.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou recentemente o Relatório sobre o Ponto de Situação Global da Atividade Física 20221, cuja tradução sumária foi produzida e publicada pela Direção Geral de Saúde (DGS), inserida no Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física (PNPAF) da DGS.4
O relatório sumário das DGS, produzido a partir do texto da OMS, começa por referir a importância da prática regular para a saúde física e mental de todas as pessoas, a qual pode ser iniciada em qualquer idade. Importante, e infelizmente, lê-se no relatório que 81% (!) dos adolescentes e 27,5% dos adultos não cumprem a prescrição de exercício preconizada pela OMS (figura). De tal resulta prejuízo para a própria pessoa e também, nem sempre referido, para a sua família, para os serviços de saúde e para a sociedade em geral. Este conceito é importante e muito interessante, pois a inatividade individual tem consequências no coletivo da sociedade.
No relatório refere-se que entre 2020 e 2030 ocorrerão cerca de 300 milhões de doenças não transmissíveis e evitáveis, que obrigam ao dispêndio no global de 300 mil milhões em dólares ou 27 mil milhões em dólares por ano em tratamentos caso se mantenha a prevalência atual de inatividade física. Cerca de 47% serão devidas à hipertensão arterial e 43% estarão relacionadas com a depressão. Os países mais atingidos serão os subdesenvolvidos e os em vias de desenvolvimento, mas os custos económicos serão maiores nos países desenvolvidos. É impressionante a pressão sobre os sistemas de saúde, pois 70% do orçamento da saúde é destinado ao tratamento de doenças relacionadas com o sedentarismo.
É, de facto, e colocado também deste modo, um problema enorme da pessoa e da sociedade. A preocupação da OMS em relação ao sedentarismo, que atinge valores percentuais inaceitáveis na população mundial, levou à criação de um programa ambicioso, denominado Plano de Ação Global sobre Atividade Física 2018- 2030 (GAPPA). É um programa que tem por objetivo reduzir em 15% a inatividade física na população até ao ano de 2030.
Este é o primeiro relatório do GAPPA e refere o nível de implementação pelos Estados membros das recomendações indicadas no Plano. A informação apresentada foi colhida principalmente no Questionário sobre a Capacidade Nacional para a Prevenção das Doenças não Transmissíveis (2021)3 e no Relatório acerca da Situação Global sobre Segurança Rodoviária (2018).4
Da análise da informação colhida durante os primeiros cinco anos do Plano, verifica-se que a implementação tem sido lenta e desigual… com pequenos progressos no sentido do aumento dos níveis de prática de atividade física da população, o que leva a que os sistemas de saúde se encontram sobrecarregados com doenças passíveis de serem prevenidas… As lacunas significativas na implementação das políticas são destacadas pela OMS, pois constatou a baixa implementação das políticas indicadas no GAPPA, especialmente ao nível da operacionalização. A falta de articulação política, técnica, financeira, de colaboração e desenvolvimento de capacidades, e de sistemas de dados tem comprometido a evolução da situação.2