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Study Indicates Low Cardiac Risk for Elite Level Athletes with Genetic Heart Disease

RMD ANO 14 | Nº4 Julho 2023

Study Indicates Low Cardiac Risk for Elite Level Athletes with Genetic Heart Disease

Mar 06,2023
ACC News Story

Prof. Doutor Ovídio Costa

Cardiologista. Diretor do Curso de Medicina Desportiva da Sociedade Portuguesa de Medicina Desportiva.

“Fate is not always written on the genetic code.”

Comentário

A decisão mais correta sobre a elegibilidade para a prática de desportos de competição nos portadores de cardiopatias genéticas nem sempre é a inaptidão, antes pelo contrário. Os médicos devem encorajar a maioria dos seus doentes a exercitarem-se. Não se trata de poder ou não fazer, mas sim elaborar para cada doente um plano de exercício físico. Foram estas as recomendações de Katherine Martinez, uma das autoras do estudo apresentado muito recentemente na sessão científica do ACC/WCC 2023 e cujas conclusões sugiro a leitura.1

Antigamente a decisão médico-desportiva em cardiologia era muito simples: If in doubt, kick them out. Isto é, desde que o coração do atleta não fosse considerado em perfeitas condições, a decisão era de inaptidão para o desporto de competição exceto, talvez, para os desportos de muito baixa intensidade. Mesmo nas situações em que a síndroma genética estava confinada ao genoma (genótipo positivo/fenótipo negativo), situação que ocorre com frequência na síndroma do QT longo, a decisão era, segundo guidelines europeias de 2005, a exclusão para a competição.2

Entretanto as orientações mudaram. No consenso de experts HRS/EHRA/APHRS de 2013 sobre síndromes arrítmicos hereditários primários3 e na Task Force 10 da AHA/ACC de 20154, as recomendações eram já mais individualizadas. Recomendava-se que todos os doentes portadores de QT longo ou outras canalopatias, sintomáticas ou assintomáticas, deveriam ser referenciados a um especialista para estratificação do risco.

Hoje, após avaliação clínica, estratificação do risco, tratamento e aconselhamento médico-desportivo, a retoma da prática desportiva é possível na maioria destes casos em decisão partilhada, exceto para as variantes patogénicas em genes específicos, como LMNA ou PKP2. Na cardiomiopatia arritmogénica as diretrizes não diferenciam entre indivíduos GEN+PHEN – e pacientes com doença manifesta e recomendam evitar a participação em modalidades de alta intensidade.5,6

O estudo que citamos inicialmente, ainda não publicado na forma final1, analisou retrospetivamente os registos de 76 atletas de elite, com idade média de 19 anos. Destes, 53% tinham cardiomiopatia hipertrófica e 26% síndrome do QT longo. 63% dos pacientes eram assintomáticos. Todos os atletas avaliados foram submetidos a um protocolo de estudo específico para retorno à competição. Seguindo este o protocolo, 96% dos atletas optaram por voltar a jogar. Curiosamente, 5% dos atletas quiseram permanecer desclassificados, apesar de terem obtido aprovação para voltar a jogar, o que contraria a ideia generalizada de que o atleta nunca seria capaz de se auto-desclassificar para o desporto que sempre desejou praticar. Durante o follow-up de sete anos, 4% dos atletas tiveram um episódio cardíaco não letal, em que a síncope foi o evento mais comum e um dos pacientes, sintomático e previamente tratado, recebeu um choque apropriado de CDI.

O estudo concluiu que não ocorreram eventos cardíacos letais em nenhum dos atletas com doença cardíaca genética e que a tomada de decisão partilhada após avaliação clínica especializada pode permitir que todos os indivíduos possam viver com melhor qualidade e prosperar independentemente do seu diagnóstico.

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