Revista de Medicina Desportiva

Ano 15 | Nº02 – MARÇO2024

Entrevista: Dr. Eduardo Filipe Coelho
Recordar com Carinho: Dr. Mário Beça
FMUP: Resumos e comentários
Tema 1: Lesão Aguda do Músculo Longo Adutor num Jogador de Futebol Profissional
Tema 2: Lesão da Placa Plantar: a Importância do Diagnóstico DiferencialFratura de Stress do Colo do Fémur em Atleta de CrossFit
Tema 3: Luxação Fechada Pura do Tornozelo do Jiu-Jitsu
Tema 4: Biomecânica e Traumatologia do Automobilismo
Resumo: Estenose da válvula aórtica(Sociedade Europeia de Cardiologia)
Destaque: Marieke Verhoven
SPMD: Todas as Provas de Esforço Devem Ser Limitadas por Sintomas e não por se Atingir 85% da Frequência Cardíaca Teórica
Agenda

INFORMAÇÃO

FT. Nuno Arnaut Pombeiro

Portaria n.º 88/2024/1, de 11 de março

Foi hoje publicado em Diário da República, a Portaria n.º 88/2024/1, de 11 de março, que vem estabelecer os requisitos mínimos relativos ao licenciamento, instalação, organização e funcionamento, recursos humanos e instalações técnicas das unidades de medicina física e de reabilitação, unidades de fisioterapia, de terapia da fala e de terapia ocupacional detidas por pessoas coletivas públicas, instituições militares, instituições particulares de solidariedade social e entidades privadas.

A presente Portaria entrará em vigor a partir de amanhã e estabelece uma série de novos requisitos de funcionamento e organização, concedendo um prazo de adaptação alargado para as entidades abrangidas acomodarem os requisitos técnicos de funcionamento aqui previstos.

Questões tão importantes, como as relacionadas com a obrigatoriedade de seguro de responsabilidade civil que cubra os riscos inerentes à atividade, a existência de um regulamento interno e sobre as condições de funcionamento e organização interna, são aqui disciplinadas e reguladas.

A interpretação e aplicação da referida Portaria não estará seguramente isenta de dúvidas e questões, contudo, reconhece-se a extrema importância da mesma, para a organização e dignificação das atividades em causa.

Para o efeito, contamos com o auxílio inestimável da nossa Ordem dos Fisioterapeutas para a correta interpretação e aplicação da Lei, para que a implementação das normas aqui em causa, seja feita de forma sólida e eficaz.

EDITORIAL

Dr. Basil Ribeiro

Linha Única

Foi publicado online em 8 de janeiro e, posteriormente, na edição de fevereiro do British Journal of Sports Medicine um texto de consenso sobre o programa de treino para voltar a correr após o parto: Clinical and exercise professional opinion on designing a postpartum return-to-running training programme: an international Delphi study and consensus statement. O documento resultou de um estudo Delphi internacional (95 participantes) e. subscrito por 12 autores. No abstract os autores come.am por referir que voltar a correr apos o parto apresenta um desafio para algumas mulheres pela dor musculoesquelética e a disfunção do pavimento pélvico, mas há poucas orientações nesta temática. Atingiram o consenso (>75% de acordo) 42 das 47 declarações, nas quais se incluem um período de repouso, aumento gradual da duração e da intensidade do exercício, iniciar com um protocolo marcha-corrida e incorporar treino para reforço muscular. Naturalmente, o treino deve ser alterado de acordo com o aparecimento de sintomas pélvicos ou musculoesqueléticos, alterações do sono, sa.de mental e aspetos relacionados com a lactação e disponibilidade energética. São cerca de 10 páginas, com alguns quadros, que se leem com facilidade. Uma infografia deste estudo. publicada nesta edição. O texto completo pode (deve) ser também lido também no site desta Revista: https://revdesportiva.pt. Boa Primavera.

Dr. Basil Ribeiro, Diretor

DESTAQUES

RMD ANO 15 | Nº2

ENTREVISTA

Dr. Eduardo Filipe Coelho.

… Na Cidade Desportiva temos a oportunidade de ver os talentos a crescer, inclusivamente a tornarem-se profissionais (equipa sub 23 e equipa B) e por vezes saltarem para a equipa principal, algo que no clube tem um significado muito importante e é com muito agrado que vejo os miúdos a chegarem lá acima e darem o seu contributo na equipa A, conseguirem ser internacionais e com uma formação humana exemplar. Pois é isto que nos motiva diariamente. … a nível do SC Braga, o apoio é total, as condições na Cidade Desportivas são de referência internacional, inclusivamente recebemos muitas comitivas internacionais que nos vêm visitar. Aqui nenhum detalhe é esquecido e existe uma enorme ambição de crescer. … Acabamos por ter sempre ligações fortes com os nossos meninos e custa vê-los partir para outros clubes, mas as relações ficam e os contatos perduram. … De ano para ano as competições têm vindo a ser cada vez mais exigentes, sendo que este ano temos atletas que estão a competir nos sub23, Youth league e alguns também com seleções, mas felizmente existem condições para dar suporte a este nível de exigência, de forma a minimizar o impacto. … O jovem futebolista, … tem de aprender interpretar o seu corpo, a saber como reagir em cada momento de stress, quer físico, quer emocional. …

Caso Clínico

Lesão Aguda do Músculo Longo Adutor num Jogador de Futebol Profissional

Dr. Basil Ribeiro, Ft. Bruno Novo

Acute injury to the adductor muscle is common in football players, has a good prognosis and causes fewer days of absence from sports compared to injuries to other muscle groups. An acute injury causes intense pain and requires immediate sports cessation. The diagnosis is clinical and is supported by magnetic resonance imaging, which is considered the exam of reference. In this text we describe the clinical case of a right-handed professional football player, who suffered an injury to the left adductor longus muscle, classified as 2b (British classification of muscle injuries). Multidisciplinary and player involvement, application of load to the muscle from the beginning and respect for pain throughout the process allowed the player to participate in an official football game nine days after the injury.

Caso Clínico

Luxação Fechada Pura do Tornozelo no Jiu-Jitsu

Dr. Carlos Freitas, Dra. Carla Olim Castro, Dr. Carlos Alegre, Dr. Diogo Lino Moura

Ankle fractures-dislocations are very common and are often associated with injuries in sports context. Ankle dislocations without associated tibia or fibula fractures, are extremely rare due to the ligamentous and capsular resistance of this joint, which exceeds bone resistance. We present a clinical case of a pure closed dislocation of the ankle that occurred during the practice of Jiu-Jitsu. After closed reduction, the patient underwent immobilization of the limb, which was followed by physiotherapy, obtaining satisfactory results, and returning to sports without restrictions after 4.5 months. In this paper it is discussed this rare traumatic injury in terms of epidemiology, pathophysiology, diagnosis, and treatment.

Recordar com carinho

Dr. Mário Beça

Continuo sempre atento à evolução da cirurgia ortopédica, particularmente à artroscopia, pois fui pioneiro em Portugal, em 1981. … Em 1995, em Lisboa, fundei a Associação Portuguesa de Artroscopia (APA), agora denominada de Sociedade Portuguesa de Artroscopia e Traumatologia Desportiva (SPAT), da qual fui o primeiro Presidente durante quatro anos. Estive na criação da ESSKA em 1984, em Berlim, e da ISAKOS em 1995, em Hong-Kong, assim como na criação da secção de Joelho da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia (SPOT). … Após o regresso da Guerra Colonial, e já especialista de Ortopedia, em 1979, realizei a primeira cirurgia a um jogador do FCP. Mais tarde, em 1989, a convite do Sr. Presidente Jorge Nuno Pinto da Costa, passei a ser médico ortopedista do FCP e acompanhei a equipa principal de futebol por todo o Mundo. … Em 1991 tive a honra de ser nomeado Dragão de Ouro. Em 1994, fui eleito Vice-Presidente do FCP. Assisti aos jogos da Champions onde nos sagramos campeões Europeus, em 1987 em Viena de Áustria e em 2004 Gelsenkirchen na Alemanha, assim como a vitória na Taça UEFA, em Sevilha, em 2003. … Tenho consciência que no futuro tudo será diferente, seja no aspecto técnico, como no ato médico. Ser. que a Inteligência Artificial pode transformar a Medicina Desportiva naquilo que todos os atletas desejam?

Caso Clínico

Fratura de Stress do Colo do Fémur em Atleta de CrossFit

Dr. David Gouveia, Dr. Luís Pinto, Dr. João Martins, Prof. Doutor André Pinho, Prof. Doutor António Sousa

Femoral neck stress fractures are infrequent. They are more prevalent among athletes, with women being at a higher risk. A 29-year-old female amateur CrossFit athlete complained of right-sided groin pain after a high intensity training. An X-ray showed no signs of acute lesions, but further CT scan and MRI revealed a compression-type femoral neck stress fracture. The patient underwent conservative treatment, restricting full weight-bearing during six weeks. She became asymptomatic at four months and returned to sports at six months. Follow-up imaging confirmed fracture union. This diagnosis is crucial when assessing athletes, including amateurs, as early recognition is vital due to high complication and morbidity rates.

TEMA

Biomecânica e Traumatologia do Automobilismo

Dr. João Pires, Dr. João Moreira, Dr. Gonçalo Modesto, Dr. Carlos Freitas, Dr. Diogo Lino Moura

The biomechanics of motorsports, namely the involved speed and kinetic energy, as well as the dangerous but also spectacular manoeuvres, also have the other side of the coin, which are serious traumatic injuries, sometimes fatal. There was a consensus that preventive measures should be taken with a view to promoting greater safety in these sports, considering the serious injuries frequently seen, particularly to the spine and skull. Despite some initial resistance, the measures implemented, such as changes to the chassis, halo, helmet, and HANS, have proven fruitful, with a drastic reduction in the severity of accidents. Continuing studies related to traumatic injuries associated with motorsports will allow the development of new protective measures, with the aim of maintaining as much as possible the specific biomechanical characteristics of this sport and at the same time increasing safety for its practitioners.

RESUMO E COMENTÁRIO

Cardiac sequelae in athletes following COVID-19 vaccination evidence and misinformation

Dr. Pedro Ferreira, Dr. Carlos Figueiredo

Associations between cardiorespiratory fitness in youth and the incidence of site-specific cancer in men: a cohort study with register linkage

Dr. Vasco Folhadela Simões, Dr. Ricardo Vila Real

SPMD

Todas as Provas de Esforço Devem Ser Limitadas por Sintomas e não por se Atingir 85% da Frequência Cardíaca Teórica

Prof. Doutor Ovídio Costa

Except for situations of acute myocardial infarction before hospital discharge, the exercise test should always be limited by symptoms, signs or exhaustive muscle fatigue and not by reaching 85% of the maximum theoretical heart rate. One of the objectives of the test is to reproduce symptoms and evaluate whether, simultaneously or not, signs of reversible ischemia appear on stress ECG, changes in rhythm or blood pressure, which presupposes not performing submaximal tests. A submaximal test does not allow maximum aerobic capacity calculation, an important prognostic factor whether in asymptomatic individuals or patients with ischemic heart disease. The greater adrenergic stimulation caused by high intensity effort, especially when the maximum aerobic capacity has been exceeded, can be decisive for the induction of potentially malignant arrhythmias when the aim is to stratify risk in certain heart diseases.

TEMA

Estenose da válvula aórtica (resumo da Sociedade Europeia de Cardiologia)

Dr. Basil Ribeiro

Na estenose aórtica (EA) existe estreitamento na válvula aórtica, o que dificulta a saída do sangue do ventrículo esquerdo para a artéria aorta. … A EA pode ser de origem congénita ou adquirida, podendo surgir no contexto de doença reumática ou, mais habitualmente, ser degenerativa em resultado do envelhecimento devido à deposição de cálcio nos folhetos. … Os sinais e sintomas poderão incluir dor torácica (angina de peito), dispneia, tonturas, dificuldade na marcha por cansaço, edema nos membros inferiores, palpitações e síncope, entre outros. … O ecocardiograma é o exame principal para o diagnóstico da EA, … As orientações da Sociedade Europeia de Cardiologia (SEC) recomendam a realização da prova de esforço para avaliação da resposta hemodinâmica e para orientação da prescrição do exercício nos sujeitos assintomáticos com EA moderada ou grave. … A SEC refere que os sujeitos assintomáticos com EA ligeira podem participar em todos os desportos, mas os atletas assintomáticos com EA grave não poderão participar em desportos competitivos ou recreativos, exceto nos desportos de habilidade de baixa intensidade. O exercício aeróbio de baixa intensidade deve ser estimulado para melhoria da capacidade funcional e do bem-estar geral. Os sujeitos sintomáticos não poderão participar em qualquer desporto, de alta ou de baixa intensidade, incluindo recreativo e têm indicação para substituição valvular. …


Candidaturas até:
Eletrocardiografia 15/3
Reumatologia – 17/3
Nutrição clínica – 19/3

PUB

TEMA DA SEMANA

Lesão do Músculo Obturador Externo em Atletas de Futebol Profissional

PUB

PUB

PUB

PARCEIROS

Revista de Medicina Desportiva